Fósseis escavados recentemente revelam que seres com formato de minhoca
roubavam nutrientes de animais chamados braquiópodes há 513 milhões de anos.
Os mais antigos parasitas
conhecidos do mundo provavelmente eram animais marinhos com formato de minhoca
que viveram há 512 milhões de anos, segundo uma pesquisa feita por cientistas
chinesas e publicada na revista Nature.
Cientistas da Northwest
University, na cidade chinesa de Xi’An, passaram anos escavando pedreiras na
província de Yunnan, no sul da China. No processo, encontraram centenas de
fósseis do período
Cambriano (entre 542 milhões e 488 milhões de anos atrás, aproximadamente).
O período é conhecido por uma rápida diversificação das formas de vida
multicelulares na Terra, chamada de “Explosão Cambriana” – em poucos milhões de
anos, os primeiros ancestrais dos artrópodes (como insetos) e equinodermos
(como as estrelas do mar) modernos apareceram, entre vários outros seres vivos
complexos.
A nova pesquisa sugere que as
relações de parasitismo entre animais macroscópicos surgiram na mesma época
(relações de parasitismo entre vírus e bactérias, evidentemente, já existiam há
muito mais tempo).
Tudo começou quando os cientistas
encontraram vários fósseis de braquiópodes – animais marinhos de corpo mole
envoltos por duas conchas, semelhantes visualmente a moluscos bivalves como
ostras e mexilhões – que datam de, mais ou menos, 513 milhões de anos. A equipe
notou que vários representantes da espécie, chamada Neobolus wulongqingensis,
possuíam estruturas duras e fossilizadas presas em suas conchas.
Alguns tinham apenas duas ou
três, enquanto outros chegavam a apresentar uma dúzia desses objetos.
Analisando os fósseis, os cientistas descobriram que as estruturas
provavelmente eram conchas em formato de tubo que abrigaram um outro ser dentro
delas, também de corpo mole. Esses animais não ficaram preservados, mas, por
conta do formato de seus tubos de proteção, foi possível estabelecer que eles
tinham a forma longilínea de minhocas.
Dessa forma, os cientistas
adquiram uma prova concreta de que esses bichinhos compridos viviam grudados
nos braquiópode. Mas isso não significa que era uma relação de parasitismo. Na
natureza, animais podem viver em conjunto em relações benéficas para ambos – é
o caso dos processos conhecidos como mutualismo, inquilinismo ou comensalismo,
em que as duas espécies se beneficiam da relação, ou pelo menos uma tem
resultados positivos sem afetar negativamente a outra. No caso do parasitismo,
a presença de outra espécie necessariamente causa danos ao hospedeiro.
Para investigar isso, a equipe
decidiu comparar os braquiópodes que possuíam as estruturas dos antigos
parasitas com os que não tinham nenhum. Os resultados mostraram que os
hospedeiros do parasita tinham uma biomassa menor do que os que viviam
sozinhos, ou seja: conchas mais finas e fracas. Isso é um forte indício que os
seres que viviam naqueles tubos eram parasitas que roubavam nutrientes dos
braquiópodes.
A equipe ainda suspeita que a
relação estabelecida era do chamado cleptoparasitismo (quando uma espécie
literalmente rouba parte da comida de outra). Isso porque o posicionamento dos
tubos parecia seguir sempre um padrão e estar sempre alinhado à rota da
alimentação dos braquiópodes, o que sugere que os parasitas roubavam parte da
comida que o organismo mole puxava com seus tentáculos para dentro da concha.
Não há evidências concretas de
outras relações de parasitismo anteriores a essa, o que sugere que esse tipo de
relação pode ter surgido nessa época, ou que simplesmente outros organismos
parasitas anteriores não ficaram fossilizados ou não foram encontrados ainda.
Mas, segundo a equipe, faz sentido que o fenômeno tenha surgido no Cambriano:
afinal, além de uma enorme variedade de planos corporais ter surgido nessa
época, comportamentos como a caça também parecem ter emergido nestes milhões de
anos.
fonte: superinteressante
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