A indústria corre atrás do tempo perdido – mas a poluição mais elevada
que a média (que já é alta) piora a situação das vítimas da 2ª onda de
covid-19.
Desde o início das quarentenas,
as emissões de gases poluentes caíram pelo mundo todo. Na China, terra natal do
novo coronavírus, não foi diferente. Mas agora, com o retorno da maior potência
asiática às atividades normais – e as fábricas trabalhando a todo vapor em
busca do tempo perdido –, os níveis de poluição em algumas partes do país já
estão piores do que eram antes da pandemia.
Os dados são do Centro de
Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA, sigla em inglês), uma
organização
independente que analisa a qualidade do ar por toda a Terra. Foi feita uma
comparação entre as emissões de alguns gases poluentes entre os mesmos meses de
2019 e 2020. O dióxido de nitrogênio (NO2) e o dióxido de enxofre, ambos
poluentes atmosféricos causadores de problemas como a chuva ácida, aumentaram,
em maio, cerca de 5% em comparação com o ano anterior.
O ozônio (O3) – que, apesar de
importante, em excesso também é um problema –, teve uma alta de 10% no mesmo
período. Os materiais particulados de 2,5 μm, bastante perigosos, aumentaram
cerca de 3%. Esse material nada mais é do que fuligem microscópica – que, em
longo prazo, inevitavelmente causa doenças respiratórias e cardiovasculares
graves em uma porcentagem da população exposta. As regiões mais afetadas são as
que abrigam parques industriais, como Jilin e Heilongjiang.
Não é a primeira vez que a China
registra um aumento em seus níveis de poluição em um cenário pós-crise. Isso
aconteceu em 2003, após o surto de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars),
também causado por um coronavírus. Aconteceu de novo de 2009 em diante, por
causa da recuperação da crise financeira de 2008. No inverno de 2013, vale
lembrar, ocorreu um fenômeno batizado de airpocalypse (um trocadilho, em
português, “arpocalipse”): uma camada de poluição descomunal até para os
padrões chineses obrigou toda a população a se recolher em casa por alguns
dias.
Um estudo feito por cientistas da
Universidade de Harvard mostrou que pessoas que vivem em regiões com maior
índice de poluição tem 15% mais chances de morrer pela covid-19. Vale lembrar
que o surto do novo coronavírus não acabou de vez na China. Na última semana,
cinco milhões de chineses voltaram para o lockdown nas cidades de Shulan e
Jilin, e a poluição pode intensificar possíveis novos casos de infecção.
Em 2014, após o susto do
airpocalypse, a China iniciou um plano de ação para reduzir a poluição
atmosférica. O país diminuiu o uso de carvão em 3,5% entre 2013 e 2017,
aumentou o uso de energia solar e colocou em circulação mais de um milhão de
veículos elétricos. Tudo isso resultou numa queda de 12% da presença de
materiais particulados no ar. O importante, agora, é não regredir.
fonte: superinteressante
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