FONTE: TRIBUNA DA BAHIA |
As contas de luz virão salgadas neste ano e terão aumento bem acima da inflação. Especialistas apontam reajuste médio entre 9% e 11% para os consumidores, enquanto a meta de inflação do governo é de 4,5%. A primeira leva de reajustes tarifários das grandes concessionárias elétricas do país, entre as quais a Cemig (MG) e a CPFL (SP), ocorrerá em abril.
Mas a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) já deu neste mês de fevereiro uma pequena amostra do que está por vir: concedeu aumentos nas tarifas de até 15% para duas pequenas empresas de energia. Na Santa Maria, no Espírito Santo, o reajuste foi de 10,35% para os clientes residenciais. Na Energisa Borborema, na Paraíba, as contas deram um salto de 14,92%.
O efeito climático La Niña, com chuvas abaixo da média, provocou
uma seca recorde nos reservatórios das hidrelétricas. Com isso, o país precisou lançar mão de geração térmica, mais cara. Essa conta somou o valor recorde de R$ 1,82 bilhão em 2010, que será pago pelo consumidor neste ano.Outros vários encargos embutidos na conta também serão responsáveis pelo seu aumento em 2011. No ano passado eles representaram mais de R$ 17 bilhões, valor 24,5% superior a 2009, quando somaram R$ 13,65 bilhões. O valor agora será repassado ao consumidor. Os encargos não são impostos e servem para fins específicos como custear a geração a óleo -mais cara- em lugares remotos da Amazônia ou financiar programas sociais, como Luz Para Todos e Proinfa (de energia limpa).
De 2001 a 2010, o aumento acumulado das tarifas de energia chegou a 186%, enquanto no mesmo período o IGP-M subiu 124% e o IPCA (índice oficial de inflação do governo) acumulou 86%.Os dados são da Abrace (Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia Elétrica). Os reajustes da conta de luz devem pressionar ainda mais o índice de inflação. Caso as tarifas subam em média 9% em 2011, contribuirão com 0,29 ponto percentual para o IPCA. Se atingirem 11%, terão impacto de 0,35 ponto percentual nas 11 regiões pesquisadas pelo IBGE.
Em 2010, a energia elétrica contribuiu com 0,10 ponto para o índice. A Abrace projeta que até 2014 o preço da energia subirá mais de 30%. Paulo Pedrosa, presidente da associação, diz ainda que em 2011 as térmicas leiloadas em 2008 começarão a operar, o que irá encarecer ainda mais as tarifas para os consumidores.
“Nós pagamos uma energia cara e com tendência de aumento”, diz ele. “O custo da energia no Brasil está entre os mais altos do mundo, o que compromete nossa competitividade”, completou.
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